ORÇAMENTO DO PROJETO BÁSICO (EMPRESAS PRIVADAS)
Continuando com o assunto “ORÇAMENTO DO PROJETO BÁSICO” iremos aborda neste post a elaboração do orçamento para os clientes privados. Buscaremos ser bem objetivos neste post, pois boa parte dos assuntos já foram abordados na semana passada, e como falamos antes, não há muita diferença entre os produtos entregues para cada tipo de cliente.
Apenas para não haver dúvidas iremos repetir as considerações que fizemos na semana passada.
- Os procedimentos que serão abordados podem variar de empresa para empresa, mas os princípios são os mesmos. Isto se deve ao fato de terem que seguir as mesmas normas;
- Partiremos do princípio que todos os projetos foram finalizados e que não haverá qualquer alteração do projeto durante o processo de orçamentação;
- Cada etapa apresentada neste post será abordada com mais detalhe em futuros posts;
E para facilitar o entendimento deste post seguem abaixo os links relacionados a este:
- DIFERENÇA ENTRE ORÇAMENTO DE OBRAS PUBLICAS E PRIVADAS
- ORÇAMENTO DO PROJETO BÁSICO (ÓRGÃOS PÚBLICOS)
RECEBIMENTO E ANALISE DOS PROJETOS
O procedimento para analise dos projetos segue o mesmo do post anterior. Para o orçamentista, o que vai contar é a qualidade dos projetos que serão analisados. Como os projetistas que elaboram projetos para iniciativa privada são os mesmos que projetam para órgãos públicos subentendemos que os projetos sigam o mesmo padrão de qualidade. Na prática, o nível de qualidade dos projetos não depende apenas do projetista escolhido, mas também fiscalização interna, ou contratada, de cada empresa. Quanto mais rigorosa for à fiscalização, melhor e mais detalhado será o projeto.
Bem estando tudo OK, passamos para próxima fase.
LEVANTAMENTOS E MEMORIA DE CÁLCULO
No caso do levantamento e da memória de cálculo, o procedimento também será o mesmo. A diferença ocorre na exigência do contratante para este produto. Sabemos que alguns exigem a demonstração destes quantitativos, mas acho que ele é uma ferramenta mais importante para o orçamentista do que para própria empresa. Isto porque o orçamentista é o responsável legal pelo orçamento e, conseqüentemente, responsável pelos seus subprodutos, ou seja, da planilha orçamentária (relação de serviço, quantitativo e preço), composições, curva ABC e cronograma físico-financeiro e qualquer distorção com o projeto, ele será responsabilizado. Com tanta responsabilidade é preciso ter segurança no que se esta fazendo.
Devemos lembrar o que falamos no ultimo post:
“É importante frisar que nesta memória de cálculo não deve haver acréscimo nos quantitativos para compensar os desperdícios ou incertezas do projeto. Todas estas considerações deverão ser feitas nas composições.”
Vamos para próxima etapa!!!
PRECIFICAÇÃO DA RELAÇÃO DE SERVIÇOS
No caso da precificação podemos afirmar que não há uma ordem definida para estabelecermos os custos para este orçamento. Por haver esta liberdade, os custos são obtidos a partir da composição de serviços, tabelas ou pesquisa de mercado sem, necessariamente, utilizar todas e em ordem pré-definidas. Podemos exemplificar da seguinte forma:
Digamos que um serviço consta na tabela do SINAPI é o mesmo que pode ser composto pelo TCPO. A dúvida é: qual deveremos utilizar? Na minha opinião, deveremos optar por aquele que reflete o preço utilizado no mercado independente de qual seja a fonte. Fatalmente teremos outra dúvida: Como saberemos qual valor reflete o valor de mercado? Com o passar do tempo verifiquei que os valores obtidos a partir das composições, tabelas elaboradas por empresas privadas e das tabelas publicadas por órgãos públicos não apresentam diferenças significativas. O que baseará a escolha realmente será a experiência do orçamentista. Na duvida, deve-se optar pelas composições feitas com os insumos pesquisados no local da obra. Isto garantirá que os custos com os insumos e mão de obra seguem aos praticados no mercado local. Imagine utilizar a tabela do SINAPI para orçar uma obra em uma cidade do interior, sabendo que a tabela do SINAPI tem como referência os preços praticados na capital de cada estado.
Decisões a parte, seguem abaixo algumas fontes de composições:
- TCPO
O TCPO é a fonte de composições mais conhecida no mercado da construção civil. Sendo publicado a mais de 50 anos, ele contribuiu para formação de muitas tabelas que hoje fazem parte das nossa fontes de pesquisa. No formato digital e impresso, o mesmo pode ser facilmente encontrado em livrarias especializadas ou através do site da PINI. Atualmente, o TCPO está incorporado a softwares da PINI servindo de banco de dados. Este ano a PINI lançou o TCPO MODELATTO onde o usuário pode personalizar as suas composições baseadas nas composições do TCPO.
- ORÇA PLUS
O Orça Plus é uma das principais ferramentas no estado de Pernambuco para composição de serviços. Diversas empresas do ramo da construção civil utilizam este software que contem em seu banco de dados composições próprias, além de módulos com composições de outras fontes. Quem já está a um certo tempo no mercado, já usou ou ouviu falar neste software. Como todos evoluem, este programa também evoluiu. Para quem teve a experiência de trabalhar com ele nas versões antigas, sente uma grande diferença. O mesmo também possui uma versão on-line, basta é claro, fazer uma assinatura. Segue o link:
http://www.orcaplus.eng.br/index.html
- ENGWHERE MAGMA
Este não é tão conhecido como os outros dois mas também temos o Engwhere. Seguindo a mesma linha dos seus concorrentes, ele trabalha com ferramentas que possibilitam o profissional utilizar a base de dados do programa ou as suas próprias informações depois de cadastradas. Para ser sincero eu nunca trabalhei com este, mas pelos demonstrativos ele parece ser muito bom. Vale à pena fazer um teste. Segue o link:
- COMPOR 90
Voltado para obras de infraestrutura, o Compor 90 é uma ferramenta que acompanha os seus concorrentes com relação a sua área de trabalho e parte estética. Para o que se propõe, orçamento de infraestrutura, ele supre as necessidades. Possibilita fazer personalizações e assim como os demais também possui um banco de dados da própria empresa, mas sua principal base de dados é o baseado no SICRO 2 (DNIT). Em contato com a empresa, descobrimos que ela pode fornecer como complemento pacotes baseados no SINAPI, ORSE/CEHOP, entre outros.
Além deste podemos utilizar as fontes de dados dos órgãos governamentais como SICRO, SINAPI, ORSE/CEHOP, SEINFRA entre outros. Vamos abordar este assunto no próximo “DICA LEGAL”. No caso em que for necessária a pesquisa de preço no mercado, a metodologia será a mesma.
PLANILHA ORÇAMENTÁRIA, CURVA ABC e CRONOGRAMA
Quanto a planilha orçamentária, a curva ABC e o Cronograma físico-financeiro, podemos afirmar que a metodologia para sua elaboração também será a mesma do post anterior, apenas mudando a sua formatação geral.
Quanto ao BDI utilizado, há uma flexibilidade por parte da contratante, pois diferente dos órgãos públicos, o valor do BDI varia de acordo com o mercado e não seguem acórdãos ou normativas. O que isto significa? A explicação é simples. Se o mercado está aquecido, o BDI aumenta, se está em baixa o BDI diminui. Isto ocorre porque o BDI é formado basicamente por três parcelas: o lucro, os impostos e as despesas com administração central e local da obra. Com o aquecimento do mercado, menos empresas estarão disponíveis para fazer a obra e com isto muitos vêem a possibilidade de lucrar mais, e faltamente, o BDI aumenta. No momento de crise, os empreiteiros baixam a sua expectativa de lucro visando ficar mais competitivo, com isto o BDI diminui. O que eu aconselho é que as empresa privadas façam o mesmo que os órgãos públicos fazem, ou seja, exijam das contratadas que utilize um valor máximo de BDI, este estipulado pela contratante. Lembrando que este valor não deve ser muito baixo para não espantar as empresas e nem tão alto que inviabilize a realização da obra.
Podemos dizer, em poucas palavras que o orçamento para empresas privadas é mais FLEXÍVEL do que para os órgãos públicos. Verificamos também que esta flexibilidade aproxima os valores utilizados no orçamento à realidade do mercado da construção.
Para finalizar, gostaria de lembrar-lhes, como falamos durante este post que ainda há muitos assuntos para abordarmos, porém se abordamos todos de uma única vez, este post se tornará um livro. Continuem nos acompanhando e sinceramente peço-lhes desculpas por não estar postando nas noites da quarta-feira como havia prometido, porém tive alguns contratempos que impossibilitaram manter o nosso compromisso semanal.
Boa leitura!!!
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